domingo, 30 de outubro de 2016

Grávido, uma desinência ou responsabilidade?

É bem comum ouvirmos quando vamos ter um bebê que estamos grávidos. Isso mesmo, os dois, no plural. Utilizando a desinência "o" no final da palavra para marcar o gênero. Para quem não se lembra  ou apenas não sabe o que é uma desinência, ela é aquele morfema no final da palavra para marcar a flexão. Neste caso especifico, a transformação da palavra grávida em grávido. Na verdade, vocês não vão achar a palavra grávido no dicionário, muito menos vão ver exemplos formais da língua dizendo que o homem está grávido, até por que não temos útero e não conseguimos gerar uma vida. 

A mulher sim, tem essa grande capacidade de dar a vida a um novo ser. Uma vez até pensei sobre isso e disse para a Bárbara: Nossa, se formos pensar em biologia, a única coisa que eu posso fazer é "doar" um espermatozoide. Não doar no sentido literal da palavra, mas é em toda formação, em todas as divisões celulares do zigoto e depois feto, apenas uma pequena célula minha está ali que é o espermatozoide. Mas afinal de contas, o que é então estar grávido? 

Hoje a Bárbara fecha 13 semanas de gravidez e de acordo com um aplicativo que estamos seguindo, o bebê tem o comprimento de uma vagem. Isso mesmo, uma vagem! Até há um tempinho atrás, ele tinha o tamanho de um gergelim. É super engraçado comparar o bebê com frutas, mas até que funciona. O aplicativo vai nos dando uma ideia do tamanho do bebê. A expectativa vai aumentando! Nessa fase já é possível ver uma barriguinha. A ideia de ser pai começa a ficar mais visível, mais concreta e o que tem a ver o estar grávido com isso? 

Bom, eu disse em um post anterior que agora estou convivendo com duas vidas importantíssimas para mim: a minha esposa que eu amo e o bebê, fruto da nossa relação, do nosso carinho e amor um pelo outro. É uma sensação que vai tomando conta de ti, vai te preenchendo. Saber que tua esposa está grávida transforma-se em uma grande responsabilidade e tua cabeça muda. Tu pensa por exemplo em fazer comida para a grávida, pensa em buscar as coisas, fazer um agrado. Entende que a mulher tem que dormir, descansar e que funciona em outro rítmo. Também vem a cabeça que tu não quer contrariar a grávida, não que eu esteja me anulando como pessoa, mas não quero estressar a minha esposa com coisas desnecessárias. A ligação mãe e filho (a) é incrível e quando a mãe está feliz, a criança está feliz, se está estressada, a criança fica estressada. Já tem uma vida ali dentro da barriga, e aliás, uma vida que já tem até impressão digital! Logo logo vai começar a ouvir e a ter movimentos mais complexos e num piscar de olhos vai estar nos meus braços chorando ou dormindo. hehe 

Pensando em tudo isso me vem à cabeça que a minha contribuição vai muito além que um simples espermatozoide. Estar "grávido" então é uma grande responsabilidade! é cuidar da mulher e saber que estou cuidando de duas vidas, saber apreciar cada momento da gravidez e aprender com ela, refletir sobre todas as transformações que nossas vidas vão passando. 

Claro que somos seres humanos, não existe receita de bolo para se fazer isso ou aquilo. O que eu posto aqui são nossas tentativas de fazer algo bom para nós dois e para cuidar do bebê. Pode ser que vocês leitores tenham outras experiências e outras expectativas. O que eu quero dizer no final disso tudo é que podemos ser e devemos ser muito mais que um simples "doador" de um espermatozoide, assim como o "O" da inexistente palavra "grávido" deve ter e tem uma conotação muito mais ampla que apenas uma desinência, é acima de tudo uma grande e gostosa responsabilidade! 

domingo, 23 de outubro de 2016

Guri ou Guria? Menino ou Menina? Boy or Girl?

Não importa o idioma ou mesmo a variação linguistica que estamos falando. Quando contamos que vamos ter um bebê, essa é uma das primeiras perguntas que ouvimos. A pergunta, de certa forma me lembra uma frase forte do genial escritor uruguaio Eduardo Galeano que disse que "vivemos em uma cultura de aparências, onde o contrato do casamento vale mais que o amor, o velório vale mais que o morto, as roupas mais que corpo e a missa mais que Deus". Será que de alguma forma estamos valorizando mais o sexo do bebê que o bebê em si? Estaria sendo hipócrita ao dizer que não tenho a curiosidade de saber o sexo, estou sim curioso, mas vamos pensar um coisa: A gravidez muda e muito o corpo da mulher. Não só o corpo, mas o psicológico. É uma enxurrada de hormônios e reações inesperadas que acontecem. Lembro que tudo isso é natural, gravidez não é doença, muito pelo contrário. É uma fase de descoberta, de aprendizado, de companheirismo e uma espera gostosa. No meio disso tudo eu comecei a ler muito sobre gravidez, e sobre como o corpo da mulher reage à toda essa enxurrada de hormônios. Descobri, por exemplo, como acontecem às más formações do feto, também li sobre o Zica Virus, embora não saibamos ainda como ele age no corpo e a relação com ele com a microcefalia, não podemos ser negligentes em relação a isso. A cada semana vamos vendo os batimentos cardíacos do bebê, vamos vendo o que cresceu e se está tudo certinho com o pequeno ser na barriga da mãe. Também é hora de pensar na mãe: está se alimentando? está usando protetor solar? repelente? os exames de sangue deram resultados favoráveis que comprovem a saúde dela e do bebê? Meus amigos (as) leitores (as), no momento eu estou lidando com duas vidas super preciosas pra mim. Minha esposa, companheira e carrega no ventre uma parte de mim. Diante de todas essas preocupações eu penso que talvez seja até egoísmo da minha parte querer apenas matar minha curiosidade de saber se é guri ou guria, menino ou menina, boy or girl como o título do post sugere.  Sábios eram meus avós e agora meus pais que sempre repetem: "O importante é vir com saúde!" Essa frase nunca fez tanto sentido pra mim como faz agora. O que me deixa mais curioso em saber o sexo é conseguir chamar meu filho ou minha filha pelo nome. Daí poderei dar uma identidade para ele (a) ao invés de chamá-lo (a) de bebê. 

Uma outra questão que vem me chamado a atenção é o quanto o estereótipo de gênero está enraizado na maneira que muitos de nós proferimos nossos discursos. "Ah Adriano, se for menina vai ser uma princesinha"; "É que o pai prefere menino"; "Ah, por que mulher já nasce sabendo que é mulher" e o mais clássico de todos: "Me diz quando descobrir o sexo para saber se dou presente azul ou rosa". Fico pensando com os meus botões, sério? Não posso vestir meu (minha) filho (a) de amarelo, verde, ou qualquer outra cor? Será que isso faz diferença pro bebê? Ou mesmo a princesinha, será que isso significa que minha filha terá que crescer esperando um marido bondoso e generoso para tirá-la da casa do pai e ser feliz para sempre como nos contos de fada? Será que é justo condenar uma guria desde a sua infância à submissão e inferioridade ao homem? Bom, pode ser que as pessoas que dizem isso não tenham a intenção de dizer isso, mas o fato é que dizem e parece não se darem conta de significar o que estão significando. Também não as culpo, pois podem ter sido socializadas assim. Talvez não tiveram a oportunidade de questionar esses discursos. 

Pode ser que agora eu tenha vários pensamentos de como criar os filhos hoje e pode ser que as minhas concepções mudem com o tempo, mudem com a experiência. Mas, o que queremos para nossos filhos está ligado ao que pensamos, faz parte dos nossos valores, de quem somos. Talvez seja legal se perguntar isso. Quem sou eu? Para onde quero ir? O que me faz feliz? o que importa na vida? Talvez essas respostas possam nos ajudar a nos conhecer e conhecer os valores que queremos para os nossos filhos. Onde eu quero chegar com tudo isso? Quero apenas dar opções aos meus filhos. Quero que tenham oportunidades de brincar na chuva, correr, brincar, pular, cantar, montar legos, ouvir histórias, jogar basquete, voleibol e futebol se assim quiserem, independente de ser ou guri ou guria. Quero que tenham a inocência de uma criança, que consigam sorrir e sejam capazes de amar e serem amadas. Não quero que meu filho cresça achando que é melhor que qualquer mulher, assim como não quero que minha filha tenha desde o nascimento o seu destino traçado de "bela, recatada e do lar". 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Primeira imagem do bebê

Segunda-feira, 17 de outubro. Um dia após um temporal em Florianópolis que deu medo. Tudo certo, primeira segunda do horário de verão e meu corpo ainda se acostumando com o famoso "jet lag". Sim, sempre acreditei ter jet lag por conta do horário de verão.

Acordamos já pensando que seria o dia de ver o bebê por uma ultra-sonografia. A sensação é de ansiedade, de curiosidade. Será que tem um bebê ali mesmo? Será que é só um feto? Acho que ninguém está preparado para ter dois ou mais bebês de uma só vez. Inúmeras dúvidas vão surgindo. É impossível pensar que nada está acontecendo. Está acontecendo sim e o nome disso é VIDA! 

Saímos de casa e nos dirigimos para a clínica que faz a ultra-sonografia. Depois de um certo tempo finalmente chegamos até o local no horário marcado. Local cheio, pessoas indo e vindo no que parecia uma mini-cidade dentro de um local fechado com seus inúmeros transeuntes. Queria que nos chamassem logo. Esperamos mais ou menos uma meia hora para sermos atendidos, só que essa meia hora parecia uma eternidade. Quanto à isso também, gostaria de relatar algo importante sobre o SUS. Estamos fazendo o pré-natal no postinho de saúde aqui perto de casa. Temos nossa médica da família, nossa dentista da família e nossa enfermeira da família. Não sobram adjetivos positivos para falar dessa equipe. Até hoje nos receberam super bem e cuidam de nós três. Nos sentimos muito bem tratados no postinho e digo aqui que elas fazem de tudo que está ao alcance delas para nos ajudar. Fomos melhor tratados pelo SUS do que na recepção dessa clinica que fomos hoje. Por que fomos à essa clínica então? Bom, o SUS só nos oferece uma ultra-sonografia, e isso lá pelas 23 semanas de gestação. Como estávamos curiosos e ansiosos, decidimos fazer esse exame agora pela rede particular. Então galera, quem sabe não tentamos mudar o discurso de que o sistema de saúde pública no Brasil é caótico e que todo mudo morre se for atendido por ele. É isso que esse capitalismo selvagem quer que acreditemos. O que eu quero dizer é que no SUS tem coisa que funciona e tem coisa que não, assim como a rede particular que tem coisa que funciona e coisa que não. O que não pode é ter convicção de algo sem estar disposto a testá-la antes. Também deixo claro que essa é a minha perspectiva e sintam-se à vontade para discordarem de mim. Essa clínica não nos tratou tão bem assim na recepção. No entanto a profissional que fez o ultra-som foi super querida e competente. Com ela sim tivemos um atendimento humano. Então depende do contexto. 

Bom, ainda falando do lugar, fomos atendidos pouco tempo depois. Subimos dois lances de escada e aí estávamos na salinha do exame. a Bárbara deitou-se na cama, já mostrando a barriga que já dá sinais de estar crescendo. A médica oferece uma cadeira para o pai, no caso eu. hehe Daí eu começo a olhar para uma tv no que parecia ser o melhor cinema que já fui na vida. A cadeira mais confortável, o trailer mais longo (a tela preta que aparece antes de ver o bebê). Daí vem a pipoca mais gostosa do mundo. Aquela pipoca que tu sente o gosto na boca que vai tomando conta de ti. Eis que o trailer acaba e aparece ali na telinha o (a) protagonista do longa metragem das nossas vidas.


Muitos vão dizer que não conseguem ver um bebê aí, mas dá sim. É aquele feijãozinho ali bem no centro no meio daquela coisa preta que por acaso se chama líquido amniótico. O feijãozinho já deu sinais de muita serelepices pois se movia super rápido e dava altas cambalhotas, uma faceirice só. hehe. Logo depois veio o ápice do filme daquele cinema: os batimentos cardíacos. Depois de um minuto de silêncio, começamos a ouvir um tum-tum super forte e rápido! Sério gente, o poder da vida é impressionante! Daí fomos informados que o coraçãozinho batia à uma freqüência de 160 batimentos por minuto. (Os batimentos se um humano adulto em estado de repouso é de aproximadamente 72 por minuto). 160 é um número que assusta né? Será que são 80 batimentos pra mãe e 80 pro pai? Ou será que tem um beija-flor ali dentro? hehe É muito legal ouvir o coraçãozinho batendo a mil. Dessa vez não deu para ver o sexo, mas está tudo certo com o bebê e uma informação super importante: é um bebê só, como mencionei no início da postagem. Saímos da sala felizes e aliviados por saber que está tudo bem, tudo em perfeitas condições até o momento. Agora é esperar o feijãozinho crescer, formar um rostinho, mostrar-se pra nós e depois vir ao mundo. Como escrevi na outra postagem, tornar-se pai ou mãe é um processo, pouco a pouco a ficha vai caindo. São as pequenas alegrias de cada dia que vão nos tornando pai e mãe. É a vida que pulsa no bebê e dentro de nós mesmos. Vou ficando por aqui, até a próxima postagem! 

De repente pai

Agosto de 2016, vida normal, até então "tudo nos conformes" como diria a minha mãe. Um mês comum como qualquer outro, com acontecimentos bons e outros nem tão bons assim. Mal sabia eu que agosto de 2016 seria o mês que mudaria minha vida para sempre. Bom, eu mesmo não tenho ainda muita noção de como a minha vida vai mudar. 

Explico melhor, meu nome é Adriano Santos, sou lingüista e professor de Inglês. Atualmente moro em Florianópolis onde termino meu mestrado em linguistica aplicada pela então Universidade Federal de Santa Catarina. Até então o agosto de 2016, minha principal preocupação era terminar de escrever minha dissertação de mestrado para defende-la em 2017, coisa que ainda estou fazendo. Principal preocupação por que um certo dia, minha esposa me liga (ela estava trabalhando em outra cidade) e no meio da conversa me informa que sua menstruação estava atrasada. Bom, sabe aquele tipo de informação que às vezes é até trivial? Pensei que fosse algo relacionado ao stress do trabalho, afinal de contas eu nunca entendi muito direito como funciona o ciclo menstrual. Já ouvi relatos de que atrasa, adianta às vezes e que o ciclo de 28 dias é meio um padrão para se ter uma idea. 

Daí então a menstruação começou a atrasar por um tempo que eu e a minha esposa começamos a desconfiar. hehe Daí nos decidimos a esperar até o final de semana para comprar um teste de gravidez de farmácia, isso mesmo, daqueles bem comuns que eu nunca tinha visto na vida. hehe A história de comprar o teste também foi curioso, por que me lembro de ter saído de casa quase à meia-noite do dia anterior para ir a uma farmácia 24 horas, por que havíamos esquecido de comprar o teste durante o dia e estávamos ansiosos para saber o resultado do teste já no dia seguinte. 

Acordamos no dia seguinte, daí eu e a minha esposa nos olhamos e com apenas um sinal com os olhos entendemos que era a hora. Na verdade não foi bem assim, mas resolvi colocar assim para construir a narrativa. A questão é que ela foi ao banheiro, usou a fitinha do teste e logo olhou pra ele para saber o resultado. Bom, para quem não sabe, o teste apresenta uma fitinha onde o resultado positivo apresenta 2 linhas e o negativo apenas 1 linha. A segunda fitinha do teste detecta um hormônio chamado beta HCG que é um hormônio apenas produzido pelo corpo da mulher durante a gestação. 

Ela olhou para a fitinha e logo concluiu que não estava grávida, pois tinha visto apenas 1 linha na fitinha do teste. Depois disso, ela colocou a fitinha em cima de uma mesinha e me abraçou. Daquele abraço aconchegante fui observando uma segunda linha, bem fraquinha surgindo aos poucos no teste. Minha reação foi olhar para a minha esposa e logo dizer: " - Amor, acho que tem uma segunda linha aparecendo" . Ela olhou pro teste, olhou pra mim e daí a pergunta que ela me fez, e eu mesmo a fiz mentalmente. " - Será que eu tô grávida?" . O que pensar naquele momento, será que sim? será que não? e agora? Decidimos então comprar outro testezinho, só pra ter certeza. E assim fizemos. 

Segundo teste, agora já com um pouco de expectativa. Acho que nessa hora não é que estava torcendo por um sim ou um não. Queríamos apenas ter um sim ou um não. Saber se a vida dali pra frente mudaria ou continuaria do jeito que estava. O problema era conviver com a dúvida. Aliás, é muito confortável a ideia de saber que tu vais ser pai ou não quando tu já conversou sobre isso com a esposa ou companheira. É mais confortável ainda quando tu já não tem mais 20 anos e já aprendeu um pouquinho da vida. 

O segundo teste foi rápido e logo já vimos a segunda linha da fitinha. É isso então, vamos ter um bebê? Sou pai? Vou ser pai? qual o verbo que eu uso? qual conjugação? O que me torna pai é a segunda linha do teste? Claro que não, aliás quando tu vê o teste tu nem acredita direito que ele funciona. Ao menos essa foi minha experiência. Vem aquele sentimento de susto, de wow! vou ser pai, também vem uma alegria tímida, bem tímida eu diria, por que ainda não é nada concreto. Não é muito incomum que mulheres percam seus bebês nos três primeiros meses de gravidez, então por isso que a alegria foi tímida. Acho que nunca tive tanta mistura de sentimento junto quanto nos primeiros dias depois do teste. Aquela sensação de felicidade, susto, preocupação com a saúde e bem estar da minha esposa, planos pro futuro, cautela e tudo mais. Entre todos esses sentimentos, vem uma situação totalmente torturante: a de não poder contar pra ninguém ainda. O não contar pra ninguém se explica por dois motivos. O primeiro é o querer preservar a família, a futura mãe passa por transformações psicológicas e físicas muitas vezes impossíveis de descrever (assunto para uma outra postagem) O segundo motivo é que os futuros pais precisam de seu tempo para entender e processar tudo. Afinal de contas não é apenas a criança que nasce, com ela nasce também o pai, a mãe, a tia, o tio, o avô, a avó e por aí vai... Os pais precisam primeiro entender que eles mesmos estão passando por mudanças. 

Confesso que não é fácil, o tempo passando, a certeza de ser pai se concretizando, e mesmo assim não poder contar pra ninguém. Sempre nos vinha à cabeça que esperaríamos os 3 meses, ou as famosas 12 semanas. Falando nisso, contar a gestação por semanas é agoniante. Agora estou começando a me acostumar, mas no inicio era horrível. Até cheguei a fazer a conta de quantas semanas de vida eu já tenho. Até o momento, 31 anos dá um aproximado de 1602 semanas de vida. É uma boa estratégia para falar a idade. 

Acho que tive a certeza de que ia ser pai depois do exame de sangue que confirma a gravidez. Só que quando o resultado do exame saiu, eu já sabia que ia ser pai, já era uma informação comum na vida, como se eu sempre já tivesse sido pai. Daí vem uma sensação gostosa da gravidez, a sensação de uma felicidade extrema com uma pitadinha de susto ainda e muito pé no chão para pensar no que muda daqui pra frente. Essa sensação de muita alegria que na verdade eu gostaria de dizer excitement em inglês por expressa melhor o que eu quero dizer é também o fato de eu e a minha esposa sermos um time. A alegria compartilhada é mil vezes maior e nos dá segurança para sentir com intensidade a experiência de estar esperando um bebê. 

Ao terminar de escrever essa postagem vou dormir pensando que amanhã faremos a primeira ultra-sonografia. Afinal, temos que ver se tem o bebê ali dentro mesmo e se está tudo certo. Com sorte saberemos o sexo. Quanto à isso, é claro que estou curioso, mas depois de ler muito sober gravidez e processos e tudo mais, o que eu mais quero é pensar no bem-estar do bebê e da mãe. Saber o sexo é secundário. Se quem estiver lendo esse texto discordar, pode ser que mude de perspectiva quando descobrir que vai ser pai ou mãe. Ou pode ser que não também. Vai saber, ser humano é muito complexo. 

É isso, por enquanto. Amanhã é o primeiro ultra-som e a mistura de sentimentos continua. O mais presente agora é a ansiedade.