quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Can você speak Português?

O dia começa tranquilo neste 28 de dezembro de 2016. Estamos em Arroio Teixeira, uma praia pequenina aqui no Rio Grande do Sul. As pessoas mais próximas de mim sabem que eu vi o mar pela primeira vez aos 23 anos e aqui mesmo nas terras gaúchas. A praia aqui em Arroio é um pouco diferente, principalmente nessa época do ano. Por mais que receba muita gente para o natal e ano novo, ainda é super tranquila comparada à Florianópolis, onde eu moro. 

Os dias aqui passam tranquilos, a Gabriela entrou no quinto mês de gestação e basta a Bárbara ficar quieta à noite para começarmos a sentir a pequena se movimentando no útero. Agora começa a ficar cada vez mais concreto, cada vez mais perto de termos a Gabriela nos braços. Super legal também que a partir de agora a Gabriela consegue ouvir e reconhecer as nossas vozes. Um prato cheio para um pai Linguista, não? Já começo a conversar com ela e até mesmo ler historinhas pra ela antes de ir dormir. A leitura tem um papel importante na criação de um laço de afeto entre pais e filhos, e além do mais, gostamos de histórias, gostamos de fantasia e de imaginação. 

Ler para a Gabriela e conversar com ela tem a ver também com esse título que escolhi para a postagem. Primeiramente gostaria de explicar um pouco o que um Linguista faz, o linguista trabalha obviamente com Linguistica que é a ciência que tem por objetivo estudar a comunicação humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, pragmático, social e psicológico. Quem começou tudo isso foi o suíço Ferdinand de Saussure na segunda metade do século XIX e desde lá, já aprendemos muito, além de sempre ter a certeza de que não sabemos nada ainda sobre a comunicação humana. A minha trajetória na Linguistica digamos que começou cedo, por volta dos 10 anos. De lá pra cá, estudei Inglês, Latim, Grego, Alemão, Espanhol, Japonês, Francês, Holandês, Espanhol e claro o Português, fiz minha gradução em Letras - Inglês e agora termino meu mestrado em Linguistica. Não falo todas essas línguas, muito menos me comunico em todas elas. O que quero dizer é essa curiosidade por idiomas me levou a estudar lingüistica e a trabalhar com isso. 

O que isso tudo tem a ver com a pequena Gabriela? Bom, Eu venho estudando o bilinguismo por anos e como acabo usando Português e Inglês todo o dia, eu penso que seria um grande dom para a pequena ser capaz que falar mais de uma língua. Com a pequena, vamos fazer a técnica do OPOL, onde um dos pais fala uma língua e outro fala outra. Mas Adriano, falar inglês, morando no Brasil? Isso não é uma forma de supervalorização de uma cultura estrangeira em detrimento da cultura mãe? Bom, isso até pode acontecer, mas depende muito da abordagem dos pais em relação a isso. Primeiramente, uma língua não pertence a um território geográfico estabelecido, esse tipo de fronteira existe só na política. Para termos uma ideia, cerca de 80% dos falantes de inglês ao redor do mundo não são nativos desta língua. Não vou me estender aqui sobre essas questões, por que não é muito o ponto, mas podem me escrever para conversarmos sobre bilinguismo ou outras coisas relacionadas a língua. O objetivo é ensinar mais um código para a Gabriela, pois acredito muito no ensino de línguas como forma de desenvolvimento pessoal, uma pessoa só tem a ganhar com o aprendizado de uma outra língua, seja ela qual for. Também queremos trabalhar as habilidades sociais da Gabriela, pois até mesmo em Português temos que nos adaptar para sermos entendidos. A maneira como eu falo com meus pais é diferente da maneira com que eu falo com a minha orientadora, ou da maneira com que eu falo com a minha esposa, ou nos vários ambientes que eu circulo. Saber mais de uma lingua também envolve saber usá-las em sociedade e saber em quais situações se fala Português e em quais situações se fala inglês. 

Gostaria que fosse divertido e que jamais a Gabriela pense que é melhor que ninguém por falar mais de uma língua. Como pai, eu apenas gostaria de dar esse presente pra ela, um presente que a permitirá andar por mundos diferentes, conhecer realidades diferentes, interagir com livros, videos, uma produção cultural imensa. Além de tudo também gostaria que ela entendesse que não existe língua melhor que outra. O inglês vai abrir portas para o mundo, mas o português será a lingua que vai marcar a identidade dela, a identidade dos pais e dos coleguinhas. No fim, o grande desafio vai ser ajudar a pequena nas habilidades sociais, por que ensinar o código é possível e de forma até mais fácil do que se pensa. 

Finalizando o post, é claro que tudo o que aprendi até hoje vem dos livros que li, das experiências que tive, dos alunos que tive em uma escola internacional. No entanto vai ser a primeira vez que vou testar com a minha própria filha. Também pra isso espero a ajuda e conselhos de quem já caminha pela estrada do bilinguismo. 

English Version! 

This is a quiet rainy day at the beach. Barbara and I and spending some time with family in a small beach called Arroio Teixeira, which is located in the Brazilian state of Rio Grande do Sul. My closest friends know that not until I was 23 did I see the ocean for the very first time in my life. This is a different beach from those I am actually used to and despite lots of people are here now for the end of year festivities, it is still a quiet place where I can have some peace and relaxation. 

Days are quiet and Barbara is in her 5th month of pregnancy now. Everything is fine with our little preciousness and it is incredible how she already moves inside Barbara's womb and it is so exciting that we can feel her already! Another super cool fact about Gabriela is that she is now capable of hearing us and she can even recognize our voices, exciting eh? This week I started talking to her and read some stories to her before bedtime. I can't help it,  I am a linguist! hehe 

Talking to Gabriela and reading to her have to do with my post's title. Before moving on, I would like to give you guys a glimpse of what a linguist does. A Linguist works with Linguistics, which is the science that studies human communication in its phonetical, morphological, semantical, pragmatic, social and psychological aspects. It was Ferdinand de Saussure, a Swiss scholar who started it all in late 19th century. We have learned a lot since Saussure, but we still have a long way to go in our attempt to understand human communication. I started my long journey in Linguistics at about the age of 10. Since then, I have studied English, Latin, Greek, German, Spanish, Japanese, French, Dutch and obviously my own language, Portuguese. I have a college degree in English language and its literatures and I am about to finish my master's in Applied Linguistics. I don't speak all those languages I have studied, I cannot even have a conversion in all all of them, what I mean is that my curiosity for languages led me to study linguistics and to work with it now. English has now the status of additional language to me as I use it everyday to work, to read, to communicate with friends and even to have fun. I have made English one of my own languages, we call it language appropriation in Linguistics. 

What does it all have to do with Gabriela? Well, I have been studying bilingualism for years now and we have decided to teach Gabriela how to speak English through OPOL (One parent, One language). But Adriano, why speak English to your kid if you live in Brazil? Don't you think you're overvaluing a foreign culture in comparison to your own? This can happen, I won't deny that but it all depends on how parents deal with bilingualism. To begin with, a language has no borders, these kind of borders are political only. Nowadays, about 80% of English speakers around the globe are non-native speakers. I won't extend myself too much about all these issues, but feel free to write to me and talk to me if you would like to know a bit more about English as Lingua Franca and bilingualism. What we are looking forward to doing is teaching Gabriela a new code because I strongly believe that a new language is a wonderful tool for one's personal development. Nonetheless, I would like Gabriela to learn some social abilities to use both languages. Even when we speak our mother tongues, we should know to adapt it to social situation we are in. For instance, The way I talk to my parents diferes form the way I talk to my wife, my in-laws, my academic supervisor and even friends. A successful communicator knows to wisely use his/her linguistic repertoire in different situations with different people. Knowing more than one language also demands this ability of switching the code depending on which situation we are in and this is what I want Gabriela to learn. 

I would like it to be fun and natural and I'll make all my efforts to explain to our little one she's not better than anyone else just because she'll know more than one language. as a father, I want the best to my kids, and I think that learning languages is great asset to anyone. Gabriela will be able to see a different world, different realities and different perspectives. It's so much fun to do it all in different languages. I would also like that she can understand there is no better language than other. English will help her a lot but Portuguese will still be her mother tongue, her own identity and her own culture, so I believe it is all about the way you address bilingualism. In the end, our great challenge will not be the teaching of the code (language) but the social skills to use them wisely. Teaching the code is easier than we think it is. 

Last but not least, all I have read about bilingualism is still theoretical. I have little empirical experience. If you are raising your kid bilingual and want to share your experiences, please do talk to me. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

É uma questão de identidade...

Olá meus (minhas) queridos (as) leitores (as), mais um post para iniciar a semana, depois entro em um pequeno recesso para as festividades do fim do ano. Entre todas as datas festivas e importantes da minha vida, vou lembrar com carinho este 19 de dezembro de 2016. Hoje fomos ao médico para tão esperado ultrassom morfológico. Para quem não está familiarizado com a questão, este é o ultra-som que se faz para ver a morfologia do bebê e ver se tudo está devidamente no lugar. 

Fiz um post sobre o primeiro ultrassom, aquele que fizemos com 11 semanas e me lembro que naquela ocasião fiquei emocionado por ver o bebê pela primeira vez. Também fiquei impressionado com a capacidade do corpo da Bárbara em gerar uma criança. É incrível pensar nisso. 

Hoje, a criança já tinha mais forma. Vimos primeiro o pequeno corpo de 350 gramas por completo. Sim, há um pequeno ser humano ali dentro. Depois vi a cabeça com o tamanho e desenvolvimento saudável para 20 semanas. Depois vi o fêmur da criança, as mãos, as perninhas e os pés. Nos pés eu contei os 10 dedinhos (emocionante). Também vi o cordão umbilical como já não bastasse estar boquiaberto com tudo que via, consegui ver a coluna vertebral do bebê. Repito aqui o que escrevi no meu antigo post, tudo aquilo foi o melhor cinema do mundo, com a cadeira mais confortável e a companhia mais que especial. 

Foi uma grande felicidade e um alívio saber que tudo está bem com a futura mãe e com o bebê. 

Hoje foi um dia super especial por que também descobrimos quem vem ao mundo. Minha querida filha, te chamarei de Gabriela! Estarei sempre contigo e te amarei como parte de mim mesmo, como talvez eu nunca tenha amado ninguém assim até hoje. Tentarei te ajudar e te guiar nesse mundo insano e lindo que há por aí. Seja mais que bem-vinda, minha filha. 

Fiquei super feliz em saber que vou ser pai da Gabriela,. Mais do que saber o sexo do bebê, foi importante pra mim dar a identidade à minha filha! Chamá-la pelo nome a partir de agora é simplesmente sensacional. Ser pai de guria é também uma grande responsabilidade. Sabemos que o mundo ainda é bem hostil para as mulheres. Quero muito orientar minha filha, dizer a ela que ela jamais deverá aceitar que é menos que alguém pelo fato de ser mulher. Quero que ela seja forte e conquiste o mundo a sua frente. É triste saber que mesmo antes de nascer, a criança já é taxada de vários estereótipos, pra começar com o azul e rosa, entre outras coisas. Muitos desafios e aventuras nos aguardam a partir de agora e sensação de ir dormir hoje já sabendo quem nos acompanha na aventura da vida é sensacional. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

De repente, metade do caminho...

Semanas passando rápido a partir de agora e começo o blog contando em semanas mesmo, aliás, quando tudo na minha vida agora acontece em semanas. Sabem que senti falta do blog? Algumas pessoas também me disseram que sentiram falta dele também. Isso me deixa feliz, amigos tão queridos acompanhando meus singelos escritos e a vida do (a) nosso (a) companheiro (a) de vida. 

Fiquei um tempo (algumas semanas) sem escrever, é que muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Tivemos alguns contratempos na universidade o que fez com que algumas funções se acumulassem. Além disso, estava numa correria danada para fechar tudo que precisava fechar antes de viajar. Pois é, viajamos para a  nossa lua de mel um pouco atrasada. É que quando nos casamos não conseguimos viajar por conta dos nossos trabalhos e foi só agora em Dezembro que conseguimos sair. Já fizemos várias viagens especiais e talvez outras também tenham tido o status de Lua de Mel. No entanto, acho que essa foi a nossa última viagem sozinhos ou primeira viagem acompanhados, isso vai depender da perspectiva que olhamos pra ela. O bebê já está na barriga, já está vivo, já pensamos nele (a) no nosso dia e estava conosco na viagem, só que o que vemos é uma barriga (linda por sinal) e não um bebê ainda. Pensando nisso eu ficava imaginando se estávamos sozinhos ou não, meio que naquela de o copo estar meio vazio ou meio cheio. =) Passamos lindos dias na Bahia, e como diz o grande Lenine: "diga aí, diga lá, você já foi à Bahia, nega? não? então vá, então vá". A Bahia nos fez feliz (principalmente a comida, hehe) Além do mais, aprendi muito sobre história e me dei conta do quanto o Brasil é grande e diverso. Também é importante dizer que quando a mãe tá feliz, o bebê na barriga também fica feliz e com certeza o bebê ficou bem feliz nessa viagem. 

Voltamos da viagem com 20 semanas completas de gravidez,ou seja, estamos na metade do caminho até o grande momento. A partir de agora a paternidade fica cada vez mais concreta, ainda mais que agora estamos ganhando roupinhas e presentinhos. Aliás, esse blog não seria suficiente para eu citar o nome de cada pessoa querida que nos presenteou em alguma coisa. Estamos recebendo todo esse carinho de vocês e preocupação com o bebê. Falando em roupinhas e de a paternidade ficar mais concreta, deixo aqui uma foto de um roupinha que o bebê ganhou. É legal olhar pra ela e ver como vamos "encaixar" um bebê aí dentro. Uma pequena amostra de um fator cute. É muito legal olhar pra roupinha e imaginar o serzinho que o vestirá. 

Agora falando um pouco mais de questões práticas, ontem fomos à médica e fiquei muito feliz com tudo que ela nos disse. Está tudo bem com o Miguel ou a Gabriela. Aliás, o bebê já aprendeu a "fugir" da médica. Foi divertido ver a médica apertando a barriga e tentando "segurar" o bebê para ouvir os batimentos cardíacos, que batem na freqüência de 136 batidas por minuto. Quanto à futura mãe, a médica também nos disse que ela está saudável e tudo que está sentido é completamente normal. Também aprendemos que a partir de agora o que pode acontecer com o bebê é um nascimento precoce, mas que aborto está descartado. Então é só se cuidar que as chances de tudo dar certo é altíssima. Ficamos super felizes e aliviados! 

Outro ponto é que a médica também nos disse uma coisa que me fez pensar um pouco: A Bárbara está dentro do peso esperado para a gravidez, daí a médica nos alertou que muita gente pode nos dizer que a Bárbara está muito magra e que deve engordar mais. Pessoal, quanto ao peso, não se deve engodar nem demais, nem de menos. Apesar de confiar na sabedoria popular, prefiro ignorar algumas coisas que nos dizem durante a gravidez. Claro que tudo que nos falam é com a intenção de ajudar. Mas pensemos; uma gravidez é única em cada mulher e não sei se existe um padrão para todas as mulheres, além do mais, até mesmo uma mulher que engravidou mais de uma vez deve ter tido processos diferentes. Então pela segurança do bebê e saúde da mãe, seguiremos recomendações médicas. Aliás, aproveito aqui o espaço para mais uma vez dar meu elogio ao postinho da saúde. Eles sempre nos atendem de forma muito humana e a médica não mede esforços para nos ajudar com as dúvidas em relação ao bebê e à gravidez. 

Bom pessoal, acho que por enquanto é isso, lua de mel feita, pai e mãe felizes, bebê feliz e dando sinais de serelepices, hehe. Agora é aguardar mais metade do processo para depois receber a Gabriela ou o Miguel nos braços. 

Half the way... 

Weeks passing quite quickly and as some of you have noticed, I am counting my life in weeks now, hehe. I must confess I missed writing on my blog, and some people told me they also missed reading it. It makes me really happy that some dear friends have been reading my blog and commenting on it. 

The reason why I didn't write anything in the past two weeks is that we are now finishing our end of year activities. Besides that all, we were quite busy to get things done before we got to travel on our honeymoon. You got it right! We got married last May but unfortunately we did not have time to travel on our honey moon right after our wedding, that's why we had to wait until december to travel. As some of you might now, Barbara and I have already been on many other trips we could call "Honeymoon". However, this trip was special because if you stop to think about it, this was our last trip by ourselves or our first trip knowing we're having a third member in our family. Our baby is already in Barbara's womb and it is alive. We already think of him/her as part of our lives. For now, we see a belly, not a baby, but we know is is there, hehe. It's all a matter of perspective and as we say in Brazil, the glass might be half empty or half full. We went to Bahia and I honestly think every Brazilian should visit it there one day due to its importance to our own history. This trip also taught me how large the country I live in is. Traveling from where I live to Bahia is like traveling from Lisbon to Russia. 

As soon as we got back form our lovely honeymoon, we completed 20 weeks of pregnancy, that is half the way to the big moment. From now on, becoming a father is more and more concrete.  Also, some friends are giving us gifts for the baby and when I look at some of them, I wonder how I am going to "fit" a baby in the clothes. hehe. That's quite nice to look at a piece of clothe and imagine our baby wearing it. (See picture on my Portuguese version). 

About practical matters of pregnancy, we went to the doctor yesterday and she said everything is fine with our future mum and baby. It seems that Miguel/Gabriela already learned how to trick the doctor. He/she moved a lot inside Barbara's womb which made the doctor's job to feel his/her heartbeats a little difficult. As a matter of fact, the baby's heart is beating at a frequency of 136 beats per minute. That's a lot, eh? We also learned that there is no longer risk of abortion and what may happen from now on is a premature birth (which we will avoid). Barbara is healthy and so is the baby, this means we have very high chances of having a healthy delivery. 

That's interesting that many people tells us do's and dont's when it comes to pregnancy. The doctor warned us, fro instance, that some people might say Barbara is not putting enough weigh during pregnancy. Well, despite being opened to recommendations of people who have already had their babies, I think it's important to follow our doctor's recommendations. Pregnancies are different for every woman, it is not the same for every woman in he world. Not only that, but women who got pregnant more than once might have felt different things in their pregnancies. Every process is unique and we are happy to have our doctor helping us out! 

Well folks, I think that's it for now! we are very happy about it all and our "Waiting for Godot" is half the way now. 20 more weeks to go to have either Gabriela or Miguel in our arms! 

domingo, 20 de novembro de 2016

Un té para tres

O domingo já chegou? Mais um texto então para o blog? Sim, essa semana com um intervalo menor do último texto. Aliás, obrigado a todos (as) que comentaram comigo essa semana que leram o post e que gostaram do nome. É legal quando as pessoas comentam que leram ou até mesmo sobre alguma coisa que eu escrevi. 

Vocês que andam lendo também já perceberam o quanto a informação de que uma criança vai nascer mexe com todo a nossa maneira de ver o mundo. Essa semana um pensamento bem curioso me veio à cabeça em relação a tudo isso. Aos que não sabem, eu nasci em uma pequena cidade do sul de Minas Gerais chamada Cruzília, filho do seu Joaquim e da Dona Francisca. Originalmente sou filho das montanhas de Minas, da Minas onde se faz frio, de onde se come pinhão, terra do queijo fino e das cachoeiras. Tive uma infância perto da natureza, "longe demais das capitais" (Engenheiros do Havaí) e apesar de ser um guri sonhador, jamais imaginaria até onde a vida me levaria. Chegou um tempo que eu não cabia mais em Cruzília, então o Adriano queria "sair para ver o mar e as coisas que ele via na televisão" (Legião Urbana). O mar mesmo eu fui conhecer aos 23 anos em Torres no Rio Grande do sul. hehe Mas o que acontece é que saí para trilhar meu próprio caminho. Depois de Cruzília, morei em outra cidade de MG, chamada Campanha, fiquei um tempo curto e voltei para a casa dos meus pais. Embora Campanha fosse mais ou menos do tamanho de Cruzilia e também em MG, acho que a experiência já foi o suficiente para me mostrar que o mundo já era maior do que eu conseguiria imaginar. Depois de Campanha, vieram São João del rei, Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Alegre e agora Florianópolis. Cada uma dessas cidades me moldou de alguma forma, me ensinou algo novo. Cada uma delas me trouxe coisas boas e coisas ruins. Da minha história recente, tenho um grande carinho por Porto Alegre e pelo Rio Grande do Sul e não tenho medo de dizer que Porto Alegre tenha, de certa forma mudado minha vida pra sempre e isso tem muito a ver com o bebê. Foi lá que conheci minha esposa, companheira, amiga e agora mãe do (a) meu (minha) filho (a). Mas antes disso conheci grande parte do estado, amigos (as) maravilhosos (as) que estão comigo até hoje e que sou muito grato a todos (as). Carrego no peito o "Libertas Quae será tamén" o "sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra" 

Bom Adriano, que que te fez escrever sobre isso? Que que isso tudo tem a ver com o bebê? Simples, todos os lugares que eu morei me trouxeram experiências. Já morei em 15 apartamentos e casas contando todas essas cidades. Já dividi apartamento com 3 pessoas, 4, 10 e até 35 pessoas. Já morei em quartinho minúsculo que mal cabia a cama. Já me mudei com apenas 19 kilos de pertences em uma mochila e em uma mala. Mas o que me fez fez refletir essa semana é que agora eu moro em um lar e que agora seremos três! As experiências passadas serviram para me ensinar e para me construir como pessoa. Não quero voltar a morar nas mesmas condições que morava antigamente, mas sempre levarei comigo tudo que aprendi. Tenho até saudades dos vários lugares e pessoas que eu conheci nos lugares que vivi. Quanto a elas, umas se foram e outras continuam. A vida é assim mesmo, nada é estático, nada é imutável e o que a vida me traz agora é a fase de uma terceira pessoa, mais uma pessoa para tomar um chá comigo. 

O título do texto é uma música da Banda Argentina Soda Stereo e significa "Um chá para três". O líder da banda Gustavo Cerati escreveu a música para o pai em uma ocasião onde os três tomavam um chá. O sentido da música na verdade é triste, mas não vou explora-lo nesse post. O que importa para mim aqui é o número três e o que ele representa agora na minha vida como membro de uma família e também responsável por ela. Acabei me dando conta de que casa não é um lugar, e sim um estado de espírito e com quem estamos. Minha casa hoje somos nós três e assim como o Cerati cita na música que dá título nesse post: "no hay nada mejor que casa" 

https://www.youtube.com/watch?v=k0vLxG7O9j0


A cup of tea for three! 

Sunday already? One more text for my blog? oh yeah! and this week I had to wait only four days to write another post. By the way, I would like to thank all of you who have been reading my blog! It's so nice to know that people are reading it and commenting on it! 

You, who have read my previous posts, noticed how the fact of having a baby can change one's life and this week made me think of something about it all. Some of you might not know that but I was born in a very small town in the Brazilian state of Minas Gerais called Cruzilia. I am the second son of mr. Joaquim Santos and Mrs Francisca Santos. Originally, I am a son of the mountains. I am from the region of Minas Gerais where it gets cold. it's also the region where we eat pinion fruit, cheese and where there are uncountable waterfalls. I had a nice childhood and I grew up very close to nature and far away from the capital cities and despite being a dreamer, at that time I had never imagined where life would take me. It came a time that I realized I didn't fit in Cruzilia any longer. I wanted to leave and see the world by myself. I then, left Cruzilia to follow my own path. At the age of 15 I went to Campanha, another small town in the same state. Despite it being small and being close to Cruzilia, it showed me that the world would be much bigger that I would it would be. I have also lived in São João Del Rei, Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Alegre (again) and finally Florianópolis.  All the cities and towns I have lived in have taught me something new, they helped shape me and the ways I see the world today. I have had good and bad experiences in each one of them. From my recent history, I have a great love for Porto Alegre and for its state, Rio Grande do Sul.  I am not afraid of saying that Porto Alegre has changed my life forever and it has a lot to do with the baby. It was in Porto Alegre where I met my loved wife and now my child's mother. But even before I met my wife, I had met amazing friends. I am sure they are still there for me as well I am there for them! 

Well Adriano, what does it have to do with the baby? That's a question with a quite simple answer. As I had mentioned, all the cities and tows I have lived in gave me experiences which I'll never forget! I have already shared an apartment with 3, 4, 10 and even 35 people. I have already lived in a tiny shabby cramped room. I have already moved to another city with only 19 kg of clothes and belongings in a suitcase and in a backpack. It all made me think that now I have a home and we will very soon be "three". I look back at the past and I remember the good times I had in all those cities and places but my life has completely changed. I have a family now and I am waiting for a third person to come. Very soon I'll have one more person to have a cup of tea with me. Life is exactly like this: things do change! nothing is statical and it's beautiful we can  always (re) construct and deconstruct ourselves. 

The title of this post is actually from a song written by an Argentine band called Soda Stereo. The original name in Spanish is "Un té para tres" (a cup of tea for three in English). Soda Stereo's leader, Gustavo Cerati, wrote this song when he was having a cup of tea with his parents. What matters to me now is the number three and what this number means to me now. It means a family, It means I am responsible for my family as well as I am a member of it. I have also realized that home is not a place you live in. Instead, it is who you are with and your state of mind and spirit. My home now is the three of us and as Cerati sings in his song: "there's no place like home" 

https://www.youtube.com/watch?v=k0vLxG7O9j0

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Teu nome é... / Thy Name is ...

Início da semana, excepcionalmente não houve texto no domingo. Será que alguns podem ter pensado que eu desisti de escrever? Mas que ousadia e ego são esses Adriano? pensar que que tem gente que aguarda ansiosamente os domingos só para ler o blog? Brincadeiras à parte, não que eu fique desesperadamente esperando para que o blog seja lido e comentado, mas confesso que fico feliz que amigos queridos têm feito comentários sobre a gravidez e sobre o que está escrito. Aliás, foi por pedidos de alguns amigos também que a partir de hoje eu vou escrever em Português e em inglês logo abaixo, assim quem quiser pode ler e comentar independente do idioma. 

Essa semana eu fiquei pensando em tantas coisas que quero contar pro (a) meu (minha) filho (a) no futuro. Até mesmo este blog vai ter muitas lembranças que eu vou querer contar e dizer como eu me sentia na época. Não que seja importante pra muitos, mas hoje por exemplo vou me lembrar que o maior avião do mundo, o Antonov 225 (único no mundo) pousou no Brasil. Também vou me lembrar das eleições americanas no futuro e a eleição do Trump para presidente. Prefiro ser otimista, prefiro pensar que mundo ainda estará lá, muito diferente do que conhecemos hoje, mas a lua ainda brilhará para esse mundo, que ainda teremos motivos para sorrir. 

Vamos ao que interessa, começo da 16 semana de gravidez, aliás contar em semanas já é algo super natural pra mim. Para quem ainda não entendeu o porquê de se contar em semanas, eu explico: cada semana, cada minuto é importante para o bebê. Nessa semana, nosso querido bebê já tem 100 gramas, exato! 100 gramas! Parece pouco né? pode parecer, mas há pouco tempo atrás, ele (a) tinha algo em torno de 5 gramas, ou seja, tá muito maior agora e vai ficar cada vez maior. 

O que vocês devem estar pensando é por que que eu ainda não comecei a falar ainda dos nomes que já escolhemos. Queria apenas fazer essa introdução antes de mencionar os nomes. O nome é apenas uma palavra não é mesmo? às vezes é composto, mas o importante é que o nome é talvez a primeira coisa que marca nossa identidade. Quando as pessoas nos perguntam quem tu é, uma das primeiras coisas que nos vêm à cabeça é o nosso nome. Pois bem, os nomes escolhidos então são Miguel ou Gabriela. Sei que muitos pais escolhem o nome bem depois que descobrem que vão ter um bebê, mas nós já havíamos pensado nos nomes até antes da gravidez. 

Primeiramente, pensamos em nomes simples, nada de dois LL, Y, LY, acentos e variações que fariam com que  o (a) filho (a) tivesse que soletrar o nome todas as vezes que tivesse que dizer o nome. Também pensamos em nomes que não sofressem nenhum tipo de bullying. Sério gente, é preciso pensar nisso. Meu nome nunca sofreu bullying, mas muitas vezes a piada já vem pronta e coitada da criança. Um outro critério que adotamos foi de o nome ser pronunciado pelo menos nas línguas que falamos, para não causar nenhum tipo de confusão. Até gosto do nome João, mas o fonema ÃO é muito difícil de ser pronunciado por estrangeiros. Além de todos esses critérios, a Bárbara havia me dito que sempre gostou do nome Gabriela e que desde criança já dizia que teria uma filha com o nome Gabriela.  Certamente eu não me opus ao nome. As vezes brincava com ela que quem registra o nome da criança sou eu e que eu poderia mudar o nome na hora do registro. Até faria isso, caso a Bárbara tivesse batido o pé e escolhido algo do tipo Anacleto. hehe. Mas gosto de Gabriela, acho sonoro, bonito, simples, forte e pronunciável. O nome Gabriela é hebraico, Gabriel (sua versão masculina) é um dos arcanjos, questionador, rebelde até, cheio de energia e em hebraico significa "mensageiro". Até imagino a Gabriela nos questionando, batendo o pé e acima de tudo não aceitando tudo que vê sem questionar. 

Bom, já que a Bárbara sugeriu o primeiro lindo nome, ela me disse para sugerir o nome da criança caso seja guri. Daí pensei nos mesmos critérios e sugeri Miguel. Também um nome simples, pronunciável que atende os requisitos. Também de origem hebraica e também nome de arcanjo. O arcanjo todo poderoso que liderou o exército de Deus nas duas supostas guerras no céu. Ambos são nomes místicos, mas não necessariamente religiosos. Os dois arcanjos estão em estudos de angeologia. Apesar de não me considerar membro ou pertencente a nenhuma religião, tenho lá minhas crenças também. A Bárbara também me disse que gostou do nome Miguel por conta do personagem que o Quino criou na Mafalda: O Miguelito e suas sacadas geniais, com o toque inocente de uma criança 

Então acho que é isso. Estou na verdade, morrendo de curiosidade para saber quem chega, se é a Gabriela ou se é o Miguel. Logo logo saberemos.... 


Thy name is... 

Another week begins and I didn't have the chance to write on my blog last Sunday. Some of you might be thinking whether I stopped writing on my blog or not. How dare you, Adriano? Do you really think people do wait for Sundays to read your blog? not that I desperately expect that people read my blog and/or comment on it, but it makes me really happy that some friends have been reading it and talking to me about things I have written. Actually, it was because of some friends that I'll start writing in English as well. So, from now on, I'll be writing in Portuguese and then in English. Please, feel free to read it and comment on it regardless the language! 

Okay, let us get to the point! this is the beginning of the 16th week of pregnancy. In fact, counting pregnancy by weeks sounds quite natural to me now and for those who did not understand why we count in weeks, yet, I can explain why: every single week, every single day is important for the baby. This is the week that our much loved baby weighs 100 grams. exciting eh? For some people, 100 grams might not sound impressive at all, but some weeks ago our baby weighted only 5 grams. So 100 grams really impress me! 

In this past week, I thought about what I would like to tell my kid when he/she grows up. This blog will help me remember many things that I felt when my kid was very young. Not that this is important to all of you, but I will sure remember that the largest (and only one) cargo airplane in the world landed in Brazil today: the powerful Antonov 225. I'll also remember the past week when Donald Trump was elected president of the United States. About that, I'd rather be optimistic, I'd rather think that the world will still be there, quite different form what we know now, but It will still be there. The moon will still shine and we will still have reasons to smile. 

What you might be wondering now is why I haven't mentioned the names we have chosen, yet. I just wanted to introduce this post before writing about the names. Our names are just one word, aren't they? Sometimes they are compound names, but still, our names are the very first thing that mark our identities. When people ask you 'who are you' ? your name is one of the first things that comes to your mind. Well, the names we have chosen for our kid are Miguel or Gabriela. I know that many parents choose their kids' names later in pregnancy, but Barbara and I had chosen ours even before we knew we were going to have a baby. 

At first, we thought of simple names! No LL, Y, LY or anything that would make our kid spell his/her name every time somebody asks him/her what his/her name is. We have also thought of names that will not suffer from any kind of bullying. Seriously, folks! one must think about that! I have never suffered any kind of bullying, but sometimes somebody is always there, ready to make a joke about your name, and poor kids whose names are more likely to suffer from bullying. Another criterion we had thought of in choosing our kid's names was the simple fact that the name has to be easily pronounced in the three languages we speak in order not to cause any kind of misunderstanding. I like the name João myself, but I think the phoneme ÃO is extremely difficult for non-portuguese speakers to pronounce. Besides all that, Barbara told me that she has liked the name Gabriela since she was a kid. Of course, I did not oppose to her suggestion. I used to kid her and say that I was the one in charge of officially register the kid's name and that I had the power to change the kid's name if I wanted to. hehe Of course I won't do that, unless Barbara had chosen Anacleto for our kid's name. I like Gabriela! I find it beautiful, strong, simple and pronounceable. Gabriela is a Hebrew name. Its masculine version, Gabriel, is an archangel, intriguing, a rebel, full of energy and it means "messenger". I can easily picture Gabriela questioning us in the future and not easily accepting  all the injustices that will be around her. 

Well, since Barbara has suggested the girl's name, she asked me to suggest the boy's name. After thinking of all all criteria I had written about, Miguel was the name I have chosen for the boy's name. Simple name, strong pronounceable and in accordance to all requisites we had previously thought about. It is also a Hebrew name and also an archangel. The almighty archangel that led God's army in the two supposedly to have happened wars in heaven. Both are mystical names but not necessarily religious names. Both are names you can find in angelology. Despite not belonging to any religious group, I do have my beliefs. Barbara also told me that she liked Miguel because of Quino's character  in Mafalda called Miguelito, who makes amazingly intelligent comments with a little touch of child naiveness. 

Well, I think that's it! I am quite curious to know who will come to this wold, Miguel or Gabriela... We'll soon know that! ... 

domingo, 6 de novembro de 2016

"Esperando Godot!"

"Nothing to be done"! ou em bom português: "Nada a ser feito!" O início dessa minha postagem, assim como o título dela referem-se à peça irlandesa escrita por Samuel L. Becket com o título em inglês "Waiting for Godot". Na peça, dois personagens Estragon e Vladimir esperam por Godot. Uma espera que parece não ter fim, um conflito existencialista e intra-pessoal de esperar por Godot, alguém que eles não têm muita certeza de quem pode ser. 

Inicio a semana com esse pensamento, "nothing to be done!" Estamos também esperando, esperando um bebê, no caso o nosso Godot. Uma espera que parece interminável. hehe 

Completamos hoje 14 semanas de gravidez e tudo corre bem até o momento, os enjoos continuam entre todas as transformações físicas e psicológicas pra Bárbara e somente psicológicas pra mim. De acordo com o aplicativo das frutas, o bebê já está do tamanho de uma maçã. Nossa, essa parte é realmente incrível! Eu ainda me lembro de quando começamos a ler e a contar o bebê tinha o tamanho de um gergelim, e agora uma maçã? No meu último texto, algumas pessoas se sentiram um pouco desconfortáveis com a essa comparação, mas é apenas para termos uma noção do tamanho do bebê e de como se desenvolve. E sim, é incrível pensar que dois gametas não visíveis a olho nu se juntam para formar um zigoto, também não visível a olho nu possibilitem várias divisões celulares até chegarmos na maçã. hehe Quando eu penso em todas essas transformações, eu me encho de vida! Uma vontade inexplicável de viver e de saber que a vida que vem por aí é um pedacinho meu e da Bárbara! 

Resolvi escrever o texto hoje sobre a espera que parece ser longa, parece ser interminável às vezes, mas na verdade eu confesso que estou exagerando um pouco ao dizer isso. Explico, bate a ansiedade sim de passar a gravidez, mas ao mesmo tempo essa é uma fase que tem que ser vivida e curtida também. Acho que quando meu (a) filho (a) tiver seus 10 anos vou lembrar e contar com saudade também de como foi a espera. Claro que essa é a minha perspectiva, talvez a Bárbara me questione: "Claro que sente saudade, não foi tu que ficou enjoado!"  Quanto a isso, reforço aqui o quanto é importante estar junto e cuidar das duas vidas extremamente importantes para mim nesse momento, pois também quero que daqui a dez anos também minha esposa se lembre com carinho como foi o processo todo. 

Bom, ao contrário da peça, não esperaremos para sempre, o nosso Godot logo terá essa metáfora substituída por um nome que já escolhemos (assunto para outro texto) e o "Nada a ser feito" (Nothing to be done) dará lugar ao "Há muito a ser feito!" 

domingo, 30 de outubro de 2016

Grávido, uma desinência ou responsabilidade?

É bem comum ouvirmos quando vamos ter um bebê que estamos grávidos. Isso mesmo, os dois, no plural. Utilizando a desinência "o" no final da palavra para marcar o gênero. Para quem não se lembra  ou apenas não sabe o que é uma desinência, ela é aquele morfema no final da palavra para marcar a flexão. Neste caso especifico, a transformação da palavra grávida em grávido. Na verdade, vocês não vão achar a palavra grávido no dicionário, muito menos vão ver exemplos formais da língua dizendo que o homem está grávido, até por que não temos útero e não conseguimos gerar uma vida. 

A mulher sim, tem essa grande capacidade de dar a vida a um novo ser. Uma vez até pensei sobre isso e disse para a Bárbara: Nossa, se formos pensar em biologia, a única coisa que eu posso fazer é "doar" um espermatozoide. Não doar no sentido literal da palavra, mas é em toda formação, em todas as divisões celulares do zigoto e depois feto, apenas uma pequena célula minha está ali que é o espermatozoide. Mas afinal de contas, o que é então estar grávido? 

Hoje a Bárbara fecha 13 semanas de gravidez e de acordo com um aplicativo que estamos seguindo, o bebê tem o comprimento de uma vagem. Isso mesmo, uma vagem! Até há um tempinho atrás, ele tinha o tamanho de um gergelim. É super engraçado comparar o bebê com frutas, mas até que funciona. O aplicativo vai nos dando uma ideia do tamanho do bebê. A expectativa vai aumentando! Nessa fase já é possível ver uma barriguinha. A ideia de ser pai começa a ficar mais visível, mais concreta e o que tem a ver o estar grávido com isso? 

Bom, eu disse em um post anterior que agora estou convivendo com duas vidas importantíssimas para mim: a minha esposa que eu amo e o bebê, fruto da nossa relação, do nosso carinho e amor um pelo outro. É uma sensação que vai tomando conta de ti, vai te preenchendo. Saber que tua esposa está grávida transforma-se em uma grande responsabilidade e tua cabeça muda. Tu pensa por exemplo em fazer comida para a grávida, pensa em buscar as coisas, fazer um agrado. Entende que a mulher tem que dormir, descansar e que funciona em outro rítmo. Também vem a cabeça que tu não quer contrariar a grávida, não que eu esteja me anulando como pessoa, mas não quero estressar a minha esposa com coisas desnecessárias. A ligação mãe e filho (a) é incrível e quando a mãe está feliz, a criança está feliz, se está estressada, a criança fica estressada. Já tem uma vida ali dentro da barriga, e aliás, uma vida que já tem até impressão digital! Logo logo vai começar a ouvir e a ter movimentos mais complexos e num piscar de olhos vai estar nos meus braços chorando ou dormindo. hehe 

Pensando em tudo isso me vem à cabeça que a minha contribuição vai muito além que um simples espermatozoide. Estar "grávido" então é uma grande responsabilidade! é cuidar da mulher e saber que estou cuidando de duas vidas, saber apreciar cada momento da gravidez e aprender com ela, refletir sobre todas as transformações que nossas vidas vão passando. 

Claro que somos seres humanos, não existe receita de bolo para se fazer isso ou aquilo. O que eu posto aqui são nossas tentativas de fazer algo bom para nós dois e para cuidar do bebê. Pode ser que vocês leitores tenham outras experiências e outras expectativas. O que eu quero dizer no final disso tudo é que podemos ser e devemos ser muito mais que um simples "doador" de um espermatozoide, assim como o "O" da inexistente palavra "grávido" deve ter e tem uma conotação muito mais ampla que apenas uma desinência, é acima de tudo uma grande e gostosa responsabilidade! 

domingo, 23 de outubro de 2016

Guri ou Guria? Menino ou Menina? Boy or Girl?

Não importa o idioma ou mesmo a variação linguistica que estamos falando. Quando contamos que vamos ter um bebê, essa é uma das primeiras perguntas que ouvimos. A pergunta, de certa forma me lembra uma frase forte do genial escritor uruguaio Eduardo Galeano que disse que "vivemos em uma cultura de aparências, onde o contrato do casamento vale mais que o amor, o velório vale mais que o morto, as roupas mais que corpo e a missa mais que Deus". Será que de alguma forma estamos valorizando mais o sexo do bebê que o bebê em si? Estaria sendo hipócrita ao dizer que não tenho a curiosidade de saber o sexo, estou sim curioso, mas vamos pensar um coisa: A gravidez muda e muito o corpo da mulher. Não só o corpo, mas o psicológico. É uma enxurrada de hormônios e reações inesperadas que acontecem. Lembro que tudo isso é natural, gravidez não é doença, muito pelo contrário. É uma fase de descoberta, de aprendizado, de companheirismo e uma espera gostosa. No meio disso tudo eu comecei a ler muito sobre gravidez, e sobre como o corpo da mulher reage à toda essa enxurrada de hormônios. Descobri, por exemplo, como acontecem às más formações do feto, também li sobre o Zica Virus, embora não saibamos ainda como ele age no corpo e a relação com ele com a microcefalia, não podemos ser negligentes em relação a isso. A cada semana vamos vendo os batimentos cardíacos do bebê, vamos vendo o que cresceu e se está tudo certinho com o pequeno ser na barriga da mãe. Também é hora de pensar na mãe: está se alimentando? está usando protetor solar? repelente? os exames de sangue deram resultados favoráveis que comprovem a saúde dela e do bebê? Meus amigos (as) leitores (as), no momento eu estou lidando com duas vidas super preciosas pra mim. Minha esposa, companheira e carrega no ventre uma parte de mim. Diante de todas essas preocupações eu penso que talvez seja até egoísmo da minha parte querer apenas matar minha curiosidade de saber se é guri ou guria, menino ou menina, boy or girl como o título do post sugere.  Sábios eram meus avós e agora meus pais que sempre repetem: "O importante é vir com saúde!" Essa frase nunca fez tanto sentido pra mim como faz agora. O que me deixa mais curioso em saber o sexo é conseguir chamar meu filho ou minha filha pelo nome. Daí poderei dar uma identidade para ele (a) ao invés de chamá-lo (a) de bebê. 

Uma outra questão que vem me chamado a atenção é o quanto o estereótipo de gênero está enraizado na maneira que muitos de nós proferimos nossos discursos. "Ah Adriano, se for menina vai ser uma princesinha"; "É que o pai prefere menino"; "Ah, por que mulher já nasce sabendo que é mulher" e o mais clássico de todos: "Me diz quando descobrir o sexo para saber se dou presente azul ou rosa". Fico pensando com os meus botões, sério? Não posso vestir meu (minha) filho (a) de amarelo, verde, ou qualquer outra cor? Será que isso faz diferença pro bebê? Ou mesmo a princesinha, será que isso significa que minha filha terá que crescer esperando um marido bondoso e generoso para tirá-la da casa do pai e ser feliz para sempre como nos contos de fada? Será que é justo condenar uma guria desde a sua infância à submissão e inferioridade ao homem? Bom, pode ser que as pessoas que dizem isso não tenham a intenção de dizer isso, mas o fato é que dizem e parece não se darem conta de significar o que estão significando. Também não as culpo, pois podem ter sido socializadas assim. Talvez não tiveram a oportunidade de questionar esses discursos. 

Pode ser que agora eu tenha vários pensamentos de como criar os filhos hoje e pode ser que as minhas concepções mudem com o tempo, mudem com a experiência. Mas, o que queremos para nossos filhos está ligado ao que pensamos, faz parte dos nossos valores, de quem somos. Talvez seja legal se perguntar isso. Quem sou eu? Para onde quero ir? O que me faz feliz? o que importa na vida? Talvez essas respostas possam nos ajudar a nos conhecer e conhecer os valores que queremos para os nossos filhos. Onde eu quero chegar com tudo isso? Quero apenas dar opções aos meus filhos. Quero que tenham oportunidades de brincar na chuva, correr, brincar, pular, cantar, montar legos, ouvir histórias, jogar basquete, voleibol e futebol se assim quiserem, independente de ser ou guri ou guria. Quero que tenham a inocência de uma criança, que consigam sorrir e sejam capazes de amar e serem amadas. Não quero que meu filho cresça achando que é melhor que qualquer mulher, assim como não quero que minha filha tenha desde o nascimento o seu destino traçado de "bela, recatada e do lar". 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Primeira imagem do bebê

Segunda-feira, 17 de outubro. Um dia após um temporal em Florianópolis que deu medo. Tudo certo, primeira segunda do horário de verão e meu corpo ainda se acostumando com o famoso "jet lag". Sim, sempre acreditei ter jet lag por conta do horário de verão.

Acordamos já pensando que seria o dia de ver o bebê por uma ultra-sonografia. A sensação é de ansiedade, de curiosidade. Será que tem um bebê ali mesmo? Será que é só um feto? Acho que ninguém está preparado para ter dois ou mais bebês de uma só vez. Inúmeras dúvidas vão surgindo. É impossível pensar que nada está acontecendo. Está acontecendo sim e o nome disso é VIDA! 

Saímos de casa e nos dirigimos para a clínica que faz a ultra-sonografia. Depois de um certo tempo finalmente chegamos até o local no horário marcado. Local cheio, pessoas indo e vindo no que parecia uma mini-cidade dentro de um local fechado com seus inúmeros transeuntes. Queria que nos chamassem logo. Esperamos mais ou menos uma meia hora para sermos atendidos, só que essa meia hora parecia uma eternidade. Quanto à isso também, gostaria de relatar algo importante sobre o SUS. Estamos fazendo o pré-natal no postinho de saúde aqui perto de casa. Temos nossa médica da família, nossa dentista da família e nossa enfermeira da família. Não sobram adjetivos positivos para falar dessa equipe. Até hoje nos receberam super bem e cuidam de nós três. Nos sentimos muito bem tratados no postinho e digo aqui que elas fazem de tudo que está ao alcance delas para nos ajudar. Fomos melhor tratados pelo SUS do que na recepção dessa clinica que fomos hoje. Por que fomos à essa clínica então? Bom, o SUS só nos oferece uma ultra-sonografia, e isso lá pelas 23 semanas de gestação. Como estávamos curiosos e ansiosos, decidimos fazer esse exame agora pela rede particular. Então galera, quem sabe não tentamos mudar o discurso de que o sistema de saúde pública no Brasil é caótico e que todo mudo morre se for atendido por ele. É isso que esse capitalismo selvagem quer que acreditemos. O que eu quero dizer é que no SUS tem coisa que funciona e tem coisa que não, assim como a rede particular que tem coisa que funciona e coisa que não. O que não pode é ter convicção de algo sem estar disposto a testá-la antes. Também deixo claro que essa é a minha perspectiva e sintam-se à vontade para discordarem de mim. Essa clínica não nos tratou tão bem assim na recepção. No entanto a profissional que fez o ultra-som foi super querida e competente. Com ela sim tivemos um atendimento humano. Então depende do contexto. 

Bom, ainda falando do lugar, fomos atendidos pouco tempo depois. Subimos dois lances de escada e aí estávamos na salinha do exame. a Bárbara deitou-se na cama, já mostrando a barriga que já dá sinais de estar crescendo. A médica oferece uma cadeira para o pai, no caso eu. hehe Daí eu começo a olhar para uma tv no que parecia ser o melhor cinema que já fui na vida. A cadeira mais confortável, o trailer mais longo (a tela preta que aparece antes de ver o bebê). Daí vem a pipoca mais gostosa do mundo. Aquela pipoca que tu sente o gosto na boca que vai tomando conta de ti. Eis que o trailer acaba e aparece ali na telinha o (a) protagonista do longa metragem das nossas vidas.


Muitos vão dizer que não conseguem ver um bebê aí, mas dá sim. É aquele feijãozinho ali bem no centro no meio daquela coisa preta que por acaso se chama líquido amniótico. O feijãozinho já deu sinais de muita serelepices pois se movia super rápido e dava altas cambalhotas, uma faceirice só. hehe. Logo depois veio o ápice do filme daquele cinema: os batimentos cardíacos. Depois de um minuto de silêncio, começamos a ouvir um tum-tum super forte e rápido! Sério gente, o poder da vida é impressionante! Daí fomos informados que o coraçãozinho batia à uma freqüência de 160 batimentos por minuto. (Os batimentos se um humano adulto em estado de repouso é de aproximadamente 72 por minuto). 160 é um número que assusta né? Será que são 80 batimentos pra mãe e 80 pro pai? Ou será que tem um beija-flor ali dentro? hehe É muito legal ouvir o coraçãozinho batendo a mil. Dessa vez não deu para ver o sexo, mas está tudo certo com o bebê e uma informação super importante: é um bebê só, como mencionei no início da postagem. Saímos da sala felizes e aliviados por saber que está tudo bem, tudo em perfeitas condições até o momento. Agora é esperar o feijãozinho crescer, formar um rostinho, mostrar-se pra nós e depois vir ao mundo. Como escrevi na outra postagem, tornar-se pai ou mãe é um processo, pouco a pouco a ficha vai caindo. São as pequenas alegrias de cada dia que vão nos tornando pai e mãe. É a vida que pulsa no bebê e dentro de nós mesmos. Vou ficando por aqui, até a próxima postagem! 

De repente pai

Agosto de 2016, vida normal, até então "tudo nos conformes" como diria a minha mãe. Um mês comum como qualquer outro, com acontecimentos bons e outros nem tão bons assim. Mal sabia eu que agosto de 2016 seria o mês que mudaria minha vida para sempre. Bom, eu mesmo não tenho ainda muita noção de como a minha vida vai mudar. 

Explico melhor, meu nome é Adriano Santos, sou lingüista e professor de Inglês. Atualmente moro em Florianópolis onde termino meu mestrado em linguistica aplicada pela então Universidade Federal de Santa Catarina. Até então o agosto de 2016, minha principal preocupação era terminar de escrever minha dissertação de mestrado para defende-la em 2017, coisa que ainda estou fazendo. Principal preocupação por que um certo dia, minha esposa me liga (ela estava trabalhando em outra cidade) e no meio da conversa me informa que sua menstruação estava atrasada. Bom, sabe aquele tipo de informação que às vezes é até trivial? Pensei que fosse algo relacionado ao stress do trabalho, afinal de contas eu nunca entendi muito direito como funciona o ciclo menstrual. Já ouvi relatos de que atrasa, adianta às vezes e que o ciclo de 28 dias é meio um padrão para se ter uma idea. 

Daí então a menstruação começou a atrasar por um tempo que eu e a minha esposa começamos a desconfiar. hehe Daí nos decidimos a esperar até o final de semana para comprar um teste de gravidez de farmácia, isso mesmo, daqueles bem comuns que eu nunca tinha visto na vida. hehe A história de comprar o teste também foi curioso, por que me lembro de ter saído de casa quase à meia-noite do dia anterior para ir a uma farmácia 24 horas, por que havíamos esquecido de comprar o teste durante o dia e estávamos ansiosos para saber o resultado do teste já no dia seguinte. 

Acordamos no dia seguinte, daí eu e a minha esposa nos olhamos e com apenas um sinal com os olhos entendemos que era a hora. Na verdade não foi bem assim, mas resolvi colocar assim para construir a narrativa. A questão é que ela foi ao banheiro, usou a fitinha do teste e logo olhou pra ele para saber o resultado. Bom, para quem não sabe, o teste apresenta uma fitinha onde o resultado positivo apresenta 2 linhas e o negativo apenas 1 linha. A segunda fitinha do teste detecta um hormônio chamado beta HCG que é um hormônio apenas produzido pelo corpo da mulher durante a gestação. 

Ela olhou para a fitinha e logo concluiu que não estava grávida, pois tinha visto apenas 1 linha na fitinha do teste. Depois disso, ela colocou a fitinha em cima de uma mesinha e me abraçou. Daquele abraço aconchegante fui observando uma segunda linha, bem fraquinha surgindo aos poucos no teste. Minha reação foi olhar para a minha esposa e logo dizer: " - Amor, acho que tem uma segunda linha aparecendo" . Ela olhou pro teste, olhou pra mim e daí a pergunta que ela me fez, e eu mesmo a fiz mentalmente. " - Será que eu tô grávida?" . O que pensar naquele momento, será que sim? será que não? e agora? Decidimos então comprar outro testezinho, só pra ter certeza. E assim fizemos. 

Segundo teste, agora já com um pouco de expectativa. Acho que nessa hora não é que estava torcendo por um sim ou um não. Queríamos apenas ter um sim ou um não. Saber se a vida dali pra frente mudaria ou continuaria do jeito que estava. O problema era conviver com a dúvida. Aliás, é muito confortável a ideia de saber que tu vais ser pai ou não quando tu já conversou sobre isso com a esposa ou companheira. É mais confortável ainda quando tu já não tem mais 20 anos e já aprendeu um pouquinho da vida. 

O segundo teste foi rápido e logo já vimos a segunda linha da fitinha. É isso então, vamos ter um bebê? Sou pai? Vou ser pai? qual o verbo que eu uso? qual conjugação? O que me torna pai é a segunda linha do teste? Claro que não, aliás quando tu vê o teste tu nem acredita direito que ele funciona. Ao menos essa foi minha experiência. Vem aquele sentimento de susto, de wow! vou ser pai, também vem uma alegria tímida, bem tímida eu diria, por que ainda não é nada concreto. Não é muito incomum que mulheres percam seus bebês nos três primeiros meses de gravidez, então por isso que a alegria foi tímida. Acho que nunca tive tanta mistura de sentimento junto quanto nos primeiros dias depois do teste. Aquela sensação de felicidade, susto, preocupação com a saúde e bem estar da minha esposa, planos pro futuro, cautela e tudo mais. Entre todos esses sentimentos, vem uma situação totalmente torturante: a de não poder contar pra ninguém ainda. O não contar pra ninguém se explica por dois motivos. O primeiro é o querer preservar a família, a futura mãe passa por transformações psicológicas e físicas muitas vezes impossíveis de descrever (assunto para uma outra postagem) O segundo motivo é que os futuros pais precisam de seu tempo para entender e processar tudo. Afinal de contas não é apenas a criança que nasce, com ela nasce também o pai, a mãe, a tia, o tio, o avô, a avó e por aí vai... Os pais precisam primeiro entender que eles mesmos estão passando por mudanças. 

Confesso que não é fácil, o tempo passando, a certeza de ser pai se concretizando, e mesmo assim não poder contar pra ninguém. Sempre nos vinha à cabeça que esperaríamos os 3 meses, ou as famosas 12 semanas. Falando nisso, contar a gestação por semanas é agoniante. Agora estou começando a me acostumar, mas no inicio era horrível. Até cheguei a fazer a conta de quantas semanas de vida eu já tenho. Até o momento, 31 anos dá um aproximado de 1602 semanas de vida. É uma boa estratégia para falar a idade. 

Acho que tive a certeza de que ia ser pai depois do exame de sangue que confirma a gravidez. Só que quando o resultado do exame saiu, eu já sabia que ia ser pai, já era uma informação comum na vida, como se eu sempre já tivesse sido pai. Daí vem uma sensação gostosa da gravidez, a sensação de uma felicidade extrema com uma pitadinha de susto ainda e muito pé no chão para pensar no que muda daqui pra frente. Essa sensação de muita alegria que na verdade eu gostaria de dizer excitement em inglês por expressa melhor o que eu quero dizer é também o fato de eu e a minha esposa sermos um time. A alegria compartilhada é mil vezes maior e nos dá segurança para sentir com intensidade a experiência de estar esperando um bebê. 

Ao terminar de escrever essa postagem vou dormir pensando que amanhã faremos a primeira ultra-sonografia. Afinal, temos que ver se tem o bebê ali dentro mesmo e se está tudo certo. Com sorte saberemos o sexo. Quanto à isso, é claro que estou curioso, mas depois de ler muito sober gravidez e processos e tudo mais, o que eu mais quero é pensar no bem-estar do bebê e da mãe. Saber o sexo é secundário. Se quem estiver lendo esse texto discordar, pode ser que mude de perspectiva quando descobrir que vai ser pai ou mãe. Ou pode ser que não também. Vai saber, ser humano é muito complexo. 

É isso, por enquanto. Amanhã é o primeiro ultra-som e a mistura de sentimentos continua. O mais presente agora é a ansiedade.